sexta-feira, outubro 07, 2005

 

Desastres Naturais que são Artificiais: HAARP - 2

EUA

Brincando com fogo

Tiago Soares
Outras Palavras. Brasil, setembro de 2004.

Em algum lugar perto da cidade de Gakona, no Alasca, 180 antenas são espalhadas ao longo de 33 hectares pertencentes ao Departamento de Defesa dos EUA. Agrupadas como se fossem uma única e gigantesca antena, preparam-se para bombardear a atmosfera terrestre em sua camada mais externa, a ionosfera, com 3,6 Gigawatts de raios de alta freqüência. Estas emissões, porém, não procuram alienígenas, ou qualquer coisa do tipo. Sua finalidade é alterar a carga magnética da atmosfera terrestre, estudando suas conseqüências e possíveis usos militares.

Iniciado em 1990, o projeto, batizado HAARP (Programa de Pesquisa Auroral Ativa de Alta Freqüência, na sigla em inglês) é tocado por institutos de pesquisa da marinha e da força aérea dos EUA juntamente a empresas privadas e universidades. Sua finalidade seria, oficialmente, o estudo das interferências sofridas por transmissões de rádio na ionosfera e "garantir o desenvolvimento de conhecimento, compreensão e capacidade relativa às necessidades de segurança nacional". Coisas como, segundo dito pelo governo norte-americano na página oficial do projeto, "pesquisas sobre sistemas de comunicação, vigilância e navegação que passem pela ionosfera", além do estudo de "inovações tecnológicas que abram caminho para a detecção de objetos sob o solo, comunicação com grandes profundidades do mar ou terra, e a geração de emissões óticas e infravermelhas".

Para muitos cientistas, porém, esconde-se, sob a imagem de projeto científico acadêmico-militar, uma caixa de pandora.

Camada mais externa da atmosfera terrestre, a ionosfera estende-se dos 48 km até os 50.000 km acima do nível do mar, logo acima da troposfera (até 16 km acima do nível do mar) e da estratosfera (16 km a 48 km sobre o nível do mar). A partir dos 320 km acima do nível do mar até o chamado cinturão de Van Allen (área composta por partículas altamente carregadas, situada entre 14.500 km e 19.000 km de altura), a terra é cercada por uma espécie de "camada" protetora, que captura e reflete a radiação vinda do espaço.

Essa delicada interação entre os campos magnéticos da atmosfera terrestre protege o planeta de bombardeios massivos de radiação cósmica, garantindo que coisas como o clima global e sistemas elétricos não enlouqueçam ou entrem em pane. O que o HAARP faz, deixando cientistas de cabelo em pé, é alterar esse equilíbrio, carregando a ionosfera com radiação de alta freqüência. Como, nas palavras de uma das líderes mundiais no estudo dos efeitos da radiação, a cientista Rosalie Bertell, à revista canadense Briarpatch de janeiro de 2000, "um aquecedor gigantesco capaz de causar colapso severo na ionosfera, criando não apenas buracos, mas longas incisões na camada protetora que evita que o planeta seja bombardeado por radiação mortal". Uma vez suscetível à ação da radiação cósmica, cientistas acreditam, não sem razão, serem enormes as chances do planeta ficar à mercê de mudanças climáticas bruscas, panes em sistemas de transmissão de energia e, mais preocupante, efeitos diretos em organismos humanos.

Alguns desses prognósticos ganham mais força se confrontados com os de Bernard J. Eastlund, cientista do MIT (Massachussets Institute of Technology) que carrega no currículo serviços para a Comissão Norte Americana de Energia Atômica e uma série de grandes corporações. São de uma companhia à qual ele é fortemente relacionado, a APTI (empresa hoje controlada pela Raytheon), boa parte das patentes de tecnologia que formam a espinha dorsal do HAARP. No website de sua companhia, a Eastlund Scientific Enterprises Corporation, Bernard Eastlund alardeia algumas das possibilidades abertas por suas patentes. Entre tecnologias para "análise de mercado" e "purificação de água", escondem-se atividades um tanto mais incomuns - coisas como, por exemplo, "modificação climática", ou "controle de tornados".

Para um bom número de pessoas, o perigo aberto por tais possibilidades transcende o dos simples perigos naturais inerentes à manipulação da ionosfera. Entre aqueles mais inclinados a uma boa teoria de conspiração, a idéia corrente é a de que o HAARP seria uma máquina desenvolvida pelo exército dos EUA para a manipulação climática. A idéia seria que, mais que embaralhar sinais de rádio, as forças armadas norte americanas estariam interessadas em controlar o meio ambiente de campos de batalha e nações inimigas. Os entusiastas dessa teoria costumam apontar para os escritos de dois ex-assessores da Casa Branca: Zbigniev Brzezinski (que foi assessor do ex-presidente Jimmy Carter junto ao Departamento de Defesa) e J. F. MacDonald (que trabalhou como assessor científico junto ao ex-presidente Lyndon Johnson), dois defensores do conceito da "guerra geofísica e ambiental".

Teorias de conspiração à parte, o fato é que as implicações ambientais do projeto HAARP chegaram mesmo a levar o Parlamento Europeu a abrir, em fevereiro de 1998, um comitê sobre o assunto, para que, segundo citado em moção, fosse estudado"junto a um corpo internacional, suas implicações legais, ecológicas e éticas". As ações do comitê, porém, não chegaram a ir muito longe. A alegação foi a de que faltava à Comissão Européia a jurisdição necessária para analisar, com a profundidade necessária, esse tipo de relação entre defesa militar e meio ambiente. Alguns, porém, como Michel Chossudovsky, professor especialista em geopolítica e globalização da Universidade de Ottawa, no Canadá, sustentam que isso aconteceu com a finalidade única de não provocar Washington a respeito do assunto.

Seja como arma secreta, experimento científico ou projeto de telecomunicação, as alterações promovidas pelo HAARP no equilíbrio magnético da atmosfera terrestre, por ainda não totalmente estudadas, podem revelar-se imprevisíveis e desastrosas. Em entrevista para o livro investigativo "Angels Don´t Play This HAARP", seus autores, o cientista Nick Begich e a jornalista científica Jeane Manning, ouvem de uma nativa do Alasca sua impressão sobre o projeto: "É como se fossem garotos que, encontrando um urso adormecido, resolvessem cutucar seu traseiro com um graveto afiado para ver o que acontece". Resta apenas esperar que, caso acorde, o urso não fique muito bravo.

Fontes:

-HAARP -- Site Oficial
http://www.haarp.alaska.edu/
-Eastlund Scientific Enterprises Corporation
http://www.eastlundscience.com/
-Global Policy Fórum -- Background on the HAARP Project
http://www.globalpolicy.org/socecon/envronmt/weapons.htm
-From The Wilderness - HAARP
http://www.fromthewilderness.com/free/pandora/haarp.html
-Prison Planet -- The HAARP That Only Angels Should Play
http://www.prisonplanet.com/analysis_hall_010303_haarp.html
-DisInformation - HAARP Project
http://www.disinfo.com/archive/pages/dossier/id6/pg1/
-Earthpulse Press - Vandalism In The Sky
http://www.earthpulse.com/haarp/vandalism.html

Marcadores:


Comments: Postar um comentário

<< Home

This page is powered by Blogger. Isn't yours?