quinta-feira, dezembro 29, 2005

 

Só Morremos quando Desejamos Morrer


Ninguém morre quando está alegre e se sentido bem, pois "de um céu azul e sem nuvens não surgem raios", não é mesmo? Quando se está triste e se sentindo mal, podemos chegar a morrer se já tivermos cumprido a missão que aceitamos cumprir, antes desta nossa atual encarnação. Nestas condições, iremos realmente morrer se abrigarmos rotineiramente, consciente ou inconscientemente, pensamentos do tipo "Esta minha vida está uma porcaria e as dores que eu sinto estão insuportáveis".


Vejam o que ocorreu na morte de minha mãe, aos 84 anos, com boa saúde, mas com as forças físicas em queda. Meu pai me contou que ela, algumas semanas antes de falecer, falou três vezes para ele que "Se não fosse pelos meus dois filhos (eu e minha irmã) eu já teria ido embora (teria morrido)". Morreu sem sentir dor (dito por ela), conversando normalmente e nos meus braços e de meu pai.

Se você, que lê estas linhas, teve a oportunidade de acompanhar os últimos dias da morte de um ser querido, eu gostaria muito de ler o seu testemunho através dos "Comentários" disponível no final desta postagem.

Algumas pessoas poderão dizer que, nos casos de acidentes (como queda de avião, trombada com veículos automotores, etc), a pessoa que morre não exerceu esse desejo de morrer. Não acredito. Conforme postamos em 26.12.2005, NADA ocorre por acaso, inclusive a morte, e TUDO ocorre por um motivo correto e em que temos uma participação indispensável (consciente ou não). Visto de outra perspectiva, poderíamos dizer que somos peões manipulados por uma orquestração cósmica comandada por uma inteligência infinita. É o nosso orgulho que nos dá a sensação de que "somos o dono da bola"...

Neste caso de acidente, tenho uma outra experiência familiar muito interessante. Certa vez, meu pai e minha mãe se dirigiam de carro de São Paulo para a cidade capixaba de Guaraparí. Iam em um Karman Ghia, meu pai dirigindo e minha mãe ao seu lado. Numa pequena colina, meu pai, impaciente com a pouca velocidade do veículo à sua frente, resolveu ultrapassá-lo numa lombada sem visibilidade adequada da pista à sua frente. Ao iniciar a ultrapassagem pela esquerda, deu de frente com uma jamanta que vinha em sentido contrário. Minha mãe disse que, nesse momento, viu uma grande roda entre ela e meu pai. Meu pai disse que olhou no espelho retrovisor e viu a jamanta se afastando normalmente dentro de sua pista. Ele ficou em dúvida se ambos tinham morrido ou não. Ficaram de tirar a dúvida ao chegar no prédio de Guaraparí e cumprimentar o zelador do prédio: se ele respondesse ao cumprimento deles, eles estavam vivos. Felizmente, o zelador respondeu ao cumprimento deles... São fatos como esse que dão margem à aceitação do conceito cristão de "anjo da guarda", que vela por nós.

Vejamos o que tem a dizer, a esse respeito, Caroline Myss (Ph.D.) [1].
"Sogyal Rinpoche é um conhecido mestre e autor do The Tibetan Book of Living and Dying (O Livro Tibetano da Vida e da Morte). Em 1984, encontrei Sogyal em seu lar em Paris. No meu caminho para sua residência, me perguntei o que teríamos para o jantar. Já que eu não tinha idéia de como eram os costumes sociais tibetanos, estava pensando em todo tipo de coisa ridícula - como, por exemplo, será que eu teria que meditar durante horas antes de jantar? O que aconteceu foi que Sogyal pedira pelo telefone uma refeição chineza, e nos sentamos no chão do seu escritório, comendo nossos jantares diretamente das caixas.

Assim que a atmosfera social tornou-se apropriada para discussões sérias, perguntei a Sogyal: 'É verdade que você pode levitar?' Ele deu uma gargalhada e então respondeu: 'Oh, não, eu não. Mas o meu mestre, ele podia.' Então perguntei: 'É verdade que, devido às suas práticas de meditação, você pode correr em velocidades incomuns?' Novamente minha pergunta foi recebida com gargalhada, e ele respondeu: 'Oh, não, eu não. Mas o meu mestre conseguia.' As suas respostas correspondiam exatamente àquilo que eu tinha lido: que um mestre tibetano, ao ser entrevistado, desvia qualquer atenção sobre o seu poder para o de outra pessoa. Finalmente eu disse: 'Não tenho mais perguntas. Existe alguma coisa que você gostaria de me contar?'

'Eu gostaria de contar sobre o modo como meu mestre morreu', disse ele. 'Ele chamou seus astrólogos e mandou que eles fizessem um horóscopo para ele, notando o momento perfeito para que ele recolhesse seu espírito das energias da terra. O seu espírito era extremamente poderoso, e ele queria ir embora sem causar nenhum tipo de conseqüência energética desfavorável. Você pode não estar consciente dessas coisas, mas quando qualquer espírito deixa a terra, todo o campo energético é influenciado. E quando um espírito muito poderoso vai embora, a influência sobre a terra é ainda mais dramática.'

'Assim, seus astrólogos chegaram com o dia e hora que era o momento perfeito para sua morte física. Então ele contou aos seus estudantes que, naquele dia, e naquela hora, ele iria embora. E foi exatamente isso que ele fez. Ele meditou com seus estudantes naquele dia, os abençoou, e então fechou os olhos e liberou seu espírito do corpo.'

Perguntei a Sogyal se seu mestre escolheu morrer porque estava doente. Novamente Sogyal riu e disse: 'Doente? O que a doença tem a ver com isso? Assim como todos nós nascemos no momento perfeito para que nosssa energia entre nesta terra, existe um momento perfeito para que deixemos a terra. O meu mestre não estava doente; estava completo. Não fomos feitos para morrer de dor e doença. A mente consciente é capaz de liberar o espírito do corpo sem ter que suportar a dor da decadência física. A escolha está disponível para todos.'

Sogyal descreveu o estado de maestria espiritual como a realização de um nível de consciência que 'não conhece conflito algum com o divino', de modo que as escolhas do indivíduo são iguais às escolhas divinas. O seu mestre, segundo Sogyal, viveu num estado de consciência em que o dilema da escolha não existia mais. Cada escolha era a escolha correta, no estado de perfeição que seu mestre alcançara."

Um grande abraço, Rui.

Referência:
[1] Caroline Myss, Anatomia do Espírito: Os Sete Estágios do Poder e da Cura, Editora Rocco, pp. 270-272, 2000.

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