sexta-feira, fevereiro 03, 2006

 

Sobre Dentes


Antigamente, o trabalho principal dos dentistas era arrancar o dente do paciente que apresentasse qualquer tipo de problema no dente. Devido a isso, é muito comum nossos pais e avós usarem dentaduras. Na história do Brasil tivemos um dentista famoso, chamado Tira-dentes.

O nosso dente é um osso (exposto). Todos os ossos do nosso corpo (pernas, braços, tórax, pelvis, etc), quando trincados devido a algum acidente, se regeneram (eliminando as fraturas) por si próprios, sem necessitar interferência externa (apenas podem necessitar um posicionamento correto, por meios externos). Esta capacidade do osso de se auto-regenerar está presente, também, em todos os nossos dentes. No entanto, não vemos muitos comentários a esse respeito. Por que?

Um dente da sua boca pode estar em uma dessas três situações: saudável, doente ou sumido (já foi arrancado ou caiu sozinho). Se ele está doente (com algum problema) ou já foi embora, há ainda alguma esperança de surgir um dente saudável neste local problemático de sua arcada dentária, como veremos mais abaixo.

Os dentes, como o resto do corpo, precisam de exercício físico [1]. As dietas moles, que não requerem qualquer trabalho dos dentes e das mandíbulas para executar a mastigação, contribuem para produzir uma deterioração (tipicamente, cáries) dental. O dente não terá uma nutrição adequada se não for usado. Comer coisas moles não proporciona ao dente o exercício adequado. As comidas cruas são a melhor opção. Uma dieta dura e fibrosa não apenas dá aos dentes e às mandíbulas o exercício necessário, mas também limpa os dentes. Quando você chupa uma manga, por exemplo, você passa inúmeros "fios dentais" entre seus dentes, limpando a região entre os dentes, de difícil acesso com a escovação normal. A dieta cozida convencional (morta), desnaturada e altamente refinada, deixa a boca e os dentes sujos.

Um outro ponto, pouco comentado, é que todos os ossos de nosso corpo (inclusive os dentes, óbvio) são materiais piezoelétricos. Que significa isso? Isto quer dizer que os ossos, quando submetidos a uma tensão mecânica (via caminhadas ou mastigadas, por exemplo) geram um campo elétrico em seu interior (devido à separação de cargas elétricas de polaridades opostas no osso, deixando o osso polarizado eletricamente). O oposto também ocorre: se aplicarmos um campo elétrico externo ao osso, ele ficará sujeito a uma tensão mecânica, que irá alterar sua forma física. Portanto, a aplicação de tensão mecânica exercita o osso eletricamente (ou vice-versa), o que pode levar, inclusive, à sua regeneração física [2].

Os dentes do homem são naturalmente saudáveis e duráveis, como aqueles dos animais inferiores. Geologistas e paleontologistas freqüentemente desenterram crânios de pessoas que já morreram a muitos anos, que possuem dentes sem qualquer sinal de decadência e com o esmalte deles com quase o dobro da espessura e mais rígidos do que o esmalte de nossos dentes atuais.

Hoje a maior parte de nossa civilização é uma raça de aleijados dentais. Estamos face-a-face com o fato de que nossos dentes começam sua decadência na infância. Na realidade, algumas vezes eles já apresentam cáries neles no momento em que nascem (ao despontar da gengiva)!

Os molares dos seis anos são os primeiros dentes permanentes que nascem. Eles deveriam durar por toda a vida do indivíduo. Por que eles decaem na infância? Por que eles têm cáries neles quando eles surgem? Fica evidente que tais dentes não podem ser salvos apenas escovando esses dentes. Eles precisam ser salvos antes de atravessarem a gengiva, ou eles não serão salvos. Algo mais fundamental do que a "sujeira" da superfície dos dentes e da boca está envolvido na produção da decadência dentária. Até que isto seja reconhecido pelos pais deste mundo, não haverá esperança de salvar os dentes de nossas crianças. Como é usada normalmente, tudo que uma escova dental consegue fazer é polir a superfície já auto-limpante do dente.

As Não-Causas das Cáries

O açucar e os ácidos das frutas não prejudicam o esmalte dos dentes normais. Dentes sadios foram imergidos em soluções de açucar e em ácidos de frutas por meses sem sofrerem qualquer erosão. O Dr. E. Howard Turison e outros provaram isso [1].

O açucar pode prejudicar os dentes apenas quando entra via estômago, sangue e um metabolismo pervertido. O açucar industrializado possui uma grande afinidade com cálcio. Quando comido em quantidades elevadas ele rouba cálcio dos tecidos e dos dentes. Apenas quando um desarranjo geral ocorre após ingestão de açucar é que a cárie aparece. Amidos e açucares devem ser eliminados da dieta quando a piorréia (doença periodontal) for tratada.

O ácido lático não prejudicam o esmalte dos dentes. Nenhum experimento conseguiu provar que algum tipo de bactéria (germe), quando cultivada nos dentes, é responsável pela cárie dental. As bactérias, mesmo quando elas entram na decadência dental, têm um papel bastante secundário e não têm poder de produzir decadência dental enquanto a resistência do corpo é normal.

A decadência do dente é atribuída à ação de bactérias e de seus ácidos sobre os dentes. Experimentos em macacos só conseguiram produzir cáries dentárias neles quando foram alimentados com uma dieta deficiente. Com dieta normal não era possível gerar cáries nesses macacos.

Existe uma causa mais profunda para a decadência do dente, do que os germes que aparecem na superfície dos dentes. Esta causa vai até o passado, para o período pré-natal da criança, quando os tecidos dos dentes estão sendo formados e em desenvolvimento. Se isso não for assim, porque tantos dentes já nascem com defeitos?

Algo mais fundamental do que escovação do dente e uma visita bi-anual ao dentista é necessário para prevenir uma situação como essa. Nenhuma quantidade de limpeza e escovação os podem preservar se a nutrição for inadequada. Limpar os dentes de tártaro, que visa salvar as gengivas e não os dentes, é de pouca valia a não ser que se mude também a comida e a água ingerida.

Desenvolvimento do Dente

É bom lembrar que todos os dentes que uma pessoa irá ter na vida [com exceção dos dentes falsos, da dentadura] já estão formados ou sendo formados na sua mandíbula no momento do nascimento.

É antes do nascimento, quando esses dentes ainda estão se formando, que nós precisamos começar a salvar os dentes das crianças e dos adultos. Pois, não apenas é aqui que esses defeitos são produzidos - já visíveis em muitos dentes que acabam de surgir - mas também é aqui que muitos defeitos são iniciados e que se manifestarão mais tarde. Uma estrutura mole de pré-dente gerada nas mandíbulas do embrião, devido a perversão nutricional da mãe, predispõe os dentes para ter cavidades e decadência. A calcificação, prejudicada pelas perversões nutricionais e deficiências, prejudica tanto os dentes temporários como os permanentes.

Nutrição

Sobre a mãe recai o dever de alimentar os dentes durante os meses pré-natal e durante os meses de amamentação após o nascimento. O dever e a responsabilidade são dela. Seu dever não é apenas por seu filho, mas também por ela. Se ela não suprir o embrião e o recém-nascido com os elementos necessários na sua alimentação, a natureza se encarregará de tirar esses elementos dos próprios tecidos da mãe. Seus próprios dentes irão ser prejudicados, e talvez também seu sangue e seus outros tecidos, devido ao hábito da natureza de salvaguardar o bebê às custas da mãe.

Aumenta a probabilidade das mães perderem dentes durante a gravidez e o período de amamentação. Isto não ocorre com os animais selvagens e é assim nas mães civilizadas porque suas dietas não satisfaz a demanda por cálcio adicional durante este período. Existe um velho ditado entre as mães que diz "com cada criança um dente (é perdido)". A isto pode-se adicionar, "para cada criança várias cavidades". Um levantamento [1] feito na Escócia (no início do Século XX, pelo Dr. Ballantyne) em uma clínica maternal (em Edinburgo) constatou que 98% das mulheres grávidas sofriam de cáries dentárias ou infecções.

Com uma dieta deficiente (imposta experimentalmente), os animais em crescimento apresentam vários efeitos como cáries dentárias, cáries craniais, cáries na mandíbula, cáries em outros ossos, distorção é má nutrição dos ossos, costelas curtas, deformidade e crescimento deficiente do crânio, peito, pelvis, etc., raquitismo, dentes distorcidos e mal posicionados, nariz torto, etc. Cárie é o termo usado para designar a deterioração ou inflamação ulcerosa do osso.

Foi verificado em animais que a alimentação constituída de suco de laranja ajudava no desenvolvimento de uma dentina secundária, o que poderia ser chamado de tecido de cicatrização dental.

Animais alimentados com uma dieta deficiente até ficarem quase mortos, e com grandes prejuízos em seus dentes, melhoram rapidamente quando tomam suco de laranja. O Dr. Howe [1] diz que dentro de 24 horas após a primeira alimentação com suco de laranja, a polpa dos dentes começam a retomar suas funções de construção da dentina. Eu vi grandes melhorias na condição dos dentes de adultos que aconteceram após uma melhoria na dieta. Quando o equilíbrio nutricional é restaurado, o processo destrutivo vindo de dentro pode ser parado e, se ele não foi muito longe, pode ser consertado. Isto pode acontecer com prescrições liberais de leite fresco integral, não pasteurizado, suco de laranja e vegetais verdes. Mantenha as proteínas baixas na dieta. O excesso de proteínas na dieta de animais sob experiência é sempre um fator perturbador.

Cada dente recebe seus nutrientes do sangue, assim como todos os outros ossos do corpo. Os dentes estão sujeitos às mesmas leis e necessidades nutricionais do resto dos ossos humanos e são afetados, para o bem ou para o mal, por qualquer coisa que afete a nutrição do corpo como um todo.

Os dentes perdem seus sais a partir de seu interior, até que reste apenas uma pequena casca de sobra. A deterioração (cárie, por exemplo) começa internamente. Os dentes podem ser praticamente destruídos a partir de dentro. As cavidades formam-se por dentro e, então, o esmalte acaba rompido. Apenas escovando a superfície dos dentes não irá construir dentes saudáveis. A boca humana saudável é auto-limpante (via saliva) e as bactérias não conseguem prosperar em seu interior.

Experimentos com animais mostraram que com uma dieta deficiente em vitamina, a estrutura óssea da mandíbula perdeu seu cálcio e quando uma dieta normal foi restaurada, áreas de cálcio foram repostas, mostrando que o corpo retira cálcio dos ossos quando ele é necessário no sangue, e que o sangue retorna o cálcio quando existe uma abundância deste elemento.

A deterioração dos dentes é um resultado de um distúrbio no metabolismo de cálcio, qualquer que seja a causa. Muitas vezes é devido à uma dieta deficiente; e muitas vezes é devido a muitos outros fatores e influências que pervertem o metabolismo. A hiperacidez do estômago é uma causa freqüente do degradação dos dentes. Testes mostram que aqueles animais que desenvolvem cáries, também desenvolvem perturbações gastro-intestinais, com diarréia com muco e sangue nas fezes. A melhor dieta que possa ser servida irá falhar na nutrição do corpo se ela não for digerida. Conclui-se, logicamente, que qualquer coisa que desarranja a digestão e perverte o metabolismo pode ser responsável pela decadência dental.

A alimentação artificial do bebê tende a produzir degradação dos dentes. Portanto, é muito importante a amamentação pelo seio da mãe. Além disso, é também necessário que a mãe se alimente adequadamente.

Quanto mais cereais for comido, pior será a formação dos dentes [1]. A dieta atual da civilização é predominantemente formadora de ácidos, e o excesso de radicais ácidos em nossa dieta gera grande demanda sobre as bases alcalinas de nossos corpos. Farinha branca já não possui a maioria de seus sais alcalinos e é muito mais ácida do que a farinha de trigo integral. Porém, até o trigo integral é um alimento que deixa cinzas ácidas após seu processamento pelo corpo.

Os sais minerais do pão branco tem uma maior acidez do que aquela de outros cereais. Em países que subsistem largamente com farinha branca, a degradação dentária é muito mais prevalente do que onde outros cereais (mesmo processados) são usados.

O trigo é o mais prejudicial de todos os cereais, visto sob o ponto de vista de sua acidez. Diminuição da carne e de cereais e abundância de frutas e vegetais produzem dentes saudáveis.

Todos os alimentos desnaturados roubam minerais do corpo. Todo excesso de alimentos ácidos roubam o cálcio e outros elementos alcalinos do corpo. Frutas, vegetais verdes e castanhas são os melhores alimentos para os dentes.

Irregularidades e Mal Posicionamentos

Entre 5 e 6 anos os dentes de leite da criança deveriam estar bem espalhados pela arcada dentária, para dar espaço para os dentes permanentes que logo irão surgir. Se a dieta da criança foi normal e ela recebeu cuidado adequado, gerando um desenvolvimento normal, isso irá acontecer. Porém, pode não haver espaço nas mandíbulas para acomodar os dentes permanentes. As mesmas falhas de desenvolvimento que resultaram em uma arcada dentária defeituosa, também produz dentes defeituosos.

O Dr. Howe diz que sob condições desfavoráveis, o desenvolvimento facial na criança pode ser retardado de tal forma que quando chegar a época para os dentes permanente surgirem, a arcada pode não ser suficientemente ampla para acomodar esses dentes e eles irão ficar mal posicionados. Tal deficiência física pode surgir de muitas causas agindo isoladamente ou em conjunto, tal como hereditariedade fraca, falta de luz solar, doenças, uma dieta deficiente, e talvez outras causas.

O Prof. E. Mellanby mostrou que a estrutura e o arranjo dos dentes nas mandíbulas de animais depende largamente de suas nutrições durante o período de desenvolvimento, de tal forma que é agora possível produzir quase qualquer grau de imperfeição dos dentes pela supervisão da dieta de cachorrinhos.

A Base para o Sucesso

Eu já vi o fracasso dos esforços para evitar as cáries dentais pelo uso de várias dietas e vários tipos de alimentos. O resultado é que muitos dentistas estão convencidos de que nenhuma dieta pode salvar os dentes. No entanto pessoas com certas dietas conseguem manter bons dentes enquanto que aqueles com outras dietas têm dentes pobres. Qual é a resposta? Adequação da dieta e não dosagens específicas com um, dois ou três fatores nutritivos.

Bons dentes dependem de uma boa saúde e não vice-versa, como a mania de extrair os dentes proclama. Nenhuma causa que prejudica a saúde, por mais insignificante que seja, deve ser ignorada se os dentes forem ser preservados. A saúde dos dentes será preservada com o mesmo modo de vida que preserva a saúde de todos os tecidos e estruturas do corpo.

As condições de saúde encontradas na boca são indicadores locais da condição dos tecidos através de todo o corpo. Não existe algo como uma doença local do dente. A condição que leva ao decaimento dental é sempre uma condição sistêmica. Mais de 75% das crianças que apresentam cáries dentárias, também têm outros problemas sérios de saúde. Ao invés do decaimento dos dentes ser a causa dos desarranjos sistêmicos e dos chamados problemas locais nos outros locais do corpo, o desarranjo sistêmico é que é a causa do decaimento dental e dos outros problemas locais.

Enquanto vermos os dentes como partes isoladas e esquecermos de suas relações com as outras partes do corpo, nós não podemos esperar encontrar a causa do decaimento do dente e iremos continuar a fracassar em nossos esforços para preservar os dentes. Doença do dente é meramente parte da doença do corpo. Saúde dos dentes é parte da saúde do corpo. Os dentistas menos esclarecidos dizem que os dentes são a causa de doenças, porém eles são apenas parte da patologia generalizada de um corpo doente.

Qualquer fator, físico, nutricional, emocional, etc. que perverte ou atrapalha a nutrição irá causar a decadência dos dentes. A saúde é a base de dentes saudáveis. Não pode existir dentes completamente saudáveis em corpos doentes. Nenhuma decadência dental pode ocorrer em um corpo perfeitamente saudável que é mantido nesta condição por hábitos de primeira classe. Tudo que é essencial para a boa saúde é essencial para ter bons dentes. Como os dentes são partes integrais do corpo, a saúde deles depende da integridade geral do organismo.

[continua]

Referências:
[1] Herbert M. Shelton, The Science and Fine Art of Food and Nutrition, Natural Hygiene Press, pp. 455-469 (Cap. 37), 1984
[2] Robert O. Becker e Gary Selden, The Body Electric: Electromagnetism and The Foundation of Life, Quill W. Morrow Publ., 1985.

Marcadores: , ,


Comments:
Excelente artigo!
 
Postar um comentário

<< Home

This page is powered by Blogger. Isn't yours?